“A minha alma
apega-se ao pó; vivifica-me segundo a Tua palavra”. Salmos 119:25
A longa jornada da vida às vezes provoca um desgaste na alma; o coração se enfraquece ao contemplar tantas dificuldades, lutas, batalhas e conflitos acirrados contra o pecado e contra o sistema do mundo. Por dentro somos assolados pela nossa natureza corrompida; por fora temos de lidar com diversas pressões impostas e que nos levam ao cansaço. A batalha interior, no entanto, é mais severa e enfadonha, custando nossa vitalidade, nossa paz e nossa alegria. A influência do Egito muitas vezes arranca pedaços da nossa alma e pouco a pouco ela vai minguando até se tornar um deserto desolado. As lágrimas se tornam o nosso alimento diário; o sorriso se torna uma raridade; o brilho dos olhos é ofuscado; a força se esvai. Das temporadas de vitórias somos levados a lugares ermos; sobre o pó e as cinzas nos deitamos; pensamos que ali será o fim de tudo. “O fracasso é inevitável” – dizemos. Este estado nos permite diagnosticar uma alma ferida, revelando uma profunda tristeza e angústia que parecem não ter fim. Tudo a nossa volta é motivo para nos derramarmos em lágrimas; até pensar coisas boas se torna um profundo lamento. A depressão da alma é revelada. Quão difícil é lidar com ela! O salmista apresenta elementos que caracterizam este estado interior do homem: “A minha alma apega-se ao pó” (Sl 119:25a). Nesta declaração notamos que a alma ferida passa a ter uma familiaridade com o pó. O coração está sempre para baixo, contando grãos de areia ao invés de contar as estrelas das promessas de Deus. As mãos apalpam o pó e passam a apreciá-lo, criando pequenos monumentos que enfatizam a derrota. “Certamente este será o fim da minha jornada; é inútil pensar no contrário; do pó eu vim, ao pó voltarei, e isso certamente será bem rápido” – diz a alma em seus suspiros ocultos. O negativismo reina absoluto ao ponto de as derrotas serem “agigantadas” e as conquistas serem desconsideradas. Ao pisar na praia, esta pessoa passa a apreciar a areia, passa a admirar os minúsculos grãos minerais e se esquece de contemplar as infinitas possibilidades que estão além do mar: “Está muito aconchegante aqui, estou perto do pó, para que me aventurar a atravessar o mar?” – conclui o coração ferido. Levantar-se deste estado é um processo que não depende do homem; ele está no limite de suas forças; apegar-se ao pó é a escolha mais lógica e desesperada. O salmista, porém, apresenta a solução; em meio as suas angústias ele se lembra de que nada é impossível para Deus e faz um pedido ousado: “vivifica-me segundo a Tua palavra” (Sl 119:25b). Somente Deus para tirar o homem de uma situação terrível como esta. A alma apega-se ao pó, mas pelo sopro do Senhor ela recebe nova vida – ela é vivificada. Enquanto houver vida há esperança, portanto, clamemos, mesmo estando debruçados sobre o pó; clamemos e supliquemos por vivificação, cheguemo-nos ante ao trono da graça e façamos nossa oração depositando nossos corações aos pés de Jesus, pois Ele é o único capaz de curar a enfermidade arraigada no mais íntimo da alma e nos dar uma nova vida e uma nova esperança. Sejamos sinceros diante dEle: “pois sou pobre e necessitado, e dentro de mim está ferido o meu coração” (Sl 109:22); “A minha alma se consome de tristeza” (Sl 119:28a); “Estou aflitíssimo...” (Sl 119:107a) e façamos o nosso pedido: “vivifica-me segundo a Tua palavra”; “Alegra a alma do Teu servo, pois a Ti, Senhor, elevo a minha alma” (Sl 86:4). Jesus é o Médico das almas; que nossos olhos se voltem para Ele neste dia, pois com Sua ajuda nos levantaremos do pó e passaremos a contar as estrelas do céu. Com muito pesar contemplamos a areia do deserto, mas chegará o dia em que com alegria colheremos os preciosos frutos na Terra Prometida (Ver Sl 126:5-6).
“Levanta toda alma desfalecida neste dia Senhor, para louvor e glória do Teu nome. Em nome de Jesus. Amém!”.
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