“Porém o Senhor
lhe disse: Paz seja contigo, não temas; não morrerás” Juízes 6:23
Quando nos vemos cercados pelos inimigos e pelas tribulações da alma somos induzidos a exclamar: “Estou perdido!”; “Não há mais solução para minha causa” ou “certamente perecerei”. Estas são expressões típicas de uma alma ferida. Gideão foi escolhido pelo Senhor para libertar o povo de Israel da mão dos midianitas (Jz 6): “Apareceu-lhe, então, o anjo do Senhor e lhe disse: O Senhor é contigo, ó homem valoroso” (Jz 6:12). Em resposta às palavras do anjo Gideão demonstrou suas complexidades interiores; ele era inseguro e havia perdido as esperanças de vencer e de ser liberto da opressão de Midiã. Depois de presenciar sinais e maravilhas operadas pelo anjo, disse Gideão: “Ai de mim, Senhor Deus! pois eu vi o anjo do Senhor face a face” (Jz 6:22), ou em outras palavras: “certamente perecerei”. O contraste de sua vida temerosa e infrutífera com a excelência das obras de Deus levou Gideão ao desespero: “Ai de mim!”. Estas foram as mesmas palavras do profeta Isaías ao ver a glória de Deus: “Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos exércitos” (Is 6:5). Manoá (o pai de Sansão) também passou por este Vale do Temor: “... Certamente morreremos, porquanto temos visto a Deus” (Jz 13:22). Da mesma forma nos vemos neste Vale várias vezes: o nosso pecado e nossas debilidades diante da luz majestosa de Deus nos levam a gritar – “ai de mim, estou perdido, certamente morrerei”. Naqueles episódios, Gideão, Isaías e Manoá esperavam o pior (nós também costumamos esperar o pior); mas, a bondade e a benignidade do Senhor aplacaram os temores mortais do Vale do Temor:
“E o Senhor lhe disse: Paz seja contigo, não temas; não morrerás” (Jz 6:23).
A paz nos é prometida quando nos vemos à beira da ruína. Estávamos condenados em nossos pecados e delitos, mas Deus nos ofereceu Sua paz enviando Jesus para morrer em nosso lugar. “Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1). As tempestades do mar da vida também nos levam ao esgotamento: “Certamente irei naufragar!”. “Salva-nos, Senhor, que estamos perecendo” (Mt 8:25) foi o clamor dos discípulos em meio à impetuosa tempestade que os assolava. Jesus então se levantou e acalmou os ventos e o mar os conduzindo em segurança até o porto desejado (Ver Sl 107:28-30). Neste episódio Jesus também exortou aqueles homens, dizendo: “Por que temeis, homens de pouca fé?” (Mt 8:26). Esta mesma pergunta se aplica em nossas vidas atribuladas e temerosas diante dos ventos internos (gerados pela natureza corrompida do homem, cuja raiz é o pecado) e externos (provocados por este mundo). Em ambos os casos o medo é inevitável, mas não devemos andar pelas vistas, mas pela fé (2Co 5:7).
“... devemos manter a esperança no que foi prometido à vista de todas as improbabilidades. A fé abrindo a porta da promessa, permite que a esperança veja a bendita resposta ao pedido que está nas mãos do Rei, não importa o quando demore antes de ser transmitida” [Thomas Boston].
Davi também passou por este território sombrio, ele declarou: “Eu dizia no meu espanto: Estou cortado de diante dos Teus olhos; não obstante, Tu ouvistes as minhas súplicas quando eu a Ti clamei” (Sl 31:22). Na precipitação do seu coração Davi se via arruinado, mas Deus continuou ouvindo seu clamor e no tempo oportuno providenciou o tão esperado milagre.
“E o Senhor lhe disse: Paz seja contigo, não temas; não morrerás” (Jz 6:23). Um jovem (homem ou mulher) que não sabe o que Deus irá fazer com ele deve ouvir estas palavras. A capacidade para o serviço que Deus pode infundir em um único indivíduo é maravilhosa. Hoje podemos ser perturbados em nossa mente, aflitos de coração e pouco à vontade; precisamos da paz perfeita. Não devemos descansar até que a obtenhamos. No altar de Deus, onde Jesus morreu, nós a encontraremos, e somente lá. Quando o sangue de Jesus traz a paz com Deus, então existe paz [Comentários de C. H. Spurgeon de Jz 6:13.].
Eis a promessa de Jesus para nossas almas cansadas:
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei” (Mt 11:28);
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; Eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorizes” (Jo 14:27).
Quando o medo bater à porta do nosso coração gritando “ai de mim, certamente perecerei” devemos responder pela fé: “Paz seja contigo, não temas; não morrerás”.
“Então, Gideão edificou ali um altar ao Senhor e lhe chamou Jeová-Shalom” (Jz 6:24a).
Jeová-Shalom – o Senhor é a nossa paz. Descansemos, pois, no Senhor Jesus, confiando a Ele todas as nossas perplexidades e complexidades para que Sua paz opere em nós e através de nós. Amém!
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