“Fiel é esta
palavra e digna de toda a aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar
os pecadores, dos quais sou eu o principal”. 1 Timóteo 1:15
Se pudéssemos colocar em uma balança os pecados dos homens, quantificar e ordenar estes valores, quem ocuparia o topo desta lista? Quem se candidataria a ocupar este lugar? Seria Adão? Davi? O rei Manassés? Nabucodonosor? O apóstolo Pedro? Poderíamos listar vários nomes. Ousadamente o apóstolo Paulo puxa a fila: “Fiel é esta palavra e digna de toda a aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o principal” (1 Tm 1:15). Por que Paulo fez essa declaração? Bom, sabemos que antes dele se converter ele perseguia os cristãos, os arrastava para as prisões, consentiu com a morte de Estevão, além de pedir cartas aos líderes religiosos para expandir sua perseguição por toda Judéia. Ele era implacável; irredutível. Após sua conversão, sua vida se tornou um forte e poderoso testemunho: “mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, o principal, Cristo Jesus mostrasse toda a Sua longanimidade, a fim de que eu servisse de exemplo aos que haviam de crer nEle para a vida eterna” (1 Tm 1:16). O testemunho de Paulo era a princípio algo inacreditável ao ponto dos discípulos pensarem que tudo não passava de uma trama: “Tendo Saulo [Depois seu nome foi mudado para Paulo.] chegado em Jerusalém, procurava juntar-se aos discípulos; mas todos o temiam, não crendo que fosse discípulo” (At 9:26). Pouco a pouco ele foi ganhando a confiança dos seguidores de Jesus e se tornou um instrumento vivo nas mãos de Deus, proclamando o nome de Jesus na Panfília, na Galácia, na Grécia e em Roma. Sua fama percorreu toda a extensão do Mar Mediterrâneo. Seu ministério impactou aquela geração e até hoje sua jornada nos transmite uma variedade de riquezas espirituais.
Quem diria que aquele homem seria um servo tão fiel a Jesus? Aqui está a maravilhosa lição que podemos extrair neste texto: havia um propósito de Deus na vida de Paulo; mesmo ele se nomeando o principal dos pecadores, Jesus foi ao seu encontro e mudou sua vida completamente, e assim, ele foi usado poderosamente na obra do Senhor. Mas, e onde nós entramos nessa história? – você pode perguntar. Em primeiro lugar, devemos ter em mente a individualidade de cada um. Para Paulo ele era o maior pecador da face da terra; ele não se comparou com ninguém, mas assumiu sua condição diante de Deus: ele estava morto em seus pecados e delitos. Em segundo lugar, cada homem (individualmente) precisa estar ciente desta mesma realidade e dizer: eu sou o principal dos pecadores; o maior de todos eles. Assim, estaremos aptos para compreender (i) a longanimidade de Deus para conosco; (ii) o sacrifício substitutivo de Jesus na cruz em nosso lugar e (iii) reconhecer que sem Ele estaríamos perdidos para sempre. Nada de apontamentos e comparações, cada um deve julgar a si mesmo: “Humilhai-vos perante o Senhor” (Tg 4:10a). A experiência de Paulo é uma prova de que há esperança para todos aqueles que se aproximam de Jesus reconhecendo a vileza [Vileza: comportamento ou ato vil, degradante, indigno (Fonte: https://www.dicio.com.br/vileza/).] do seu pecado e se entregando ao Seu grande amor pelos pecadores: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19:10); “... e o que vem a mim [a Jesus] de maneira nenhuma o lançarei fora” (Jo 6:37b).
Agora que iniciamos a caminhada cristã, devemos prosseguir. Entretanto, a luta contra a velha natureza é intensa e contínua. A carne x o Espírito de Deus que habita em nós (Ver Gl 5:17). Uma famosa frase de Martinho Lutero é a seguinte: “Pensei que o velho homem tinha morrido nas águas do batismo, mas descobri que o infeliz sabia nadar. Agora preciso matá-lo todos os dias”. Para matar este velho homem devemos (i) obedecer ao Espírito Santo (Ver Gl 5:16) e (ii) nos revestirmos do nosso Senhor Jesus Cristo (Ver Rm 13:14). Diante de nossas fraquezas somos levados ao desespero: (1) “A incredulidade insinua – ‘você nunca será capaz de se levantar. Veja a maldade em seu coração, você nunca vencerá o pecado; lembre-se dos prazeres pecaminosos e as tentações do mundo que assediam você, certamente será seduzido por elas e se deixará desviar’. Sim, nós, com certeza pereceremos se dependermos só de nossa própria força [...] mas graças a Deus, Ele levará a bom termo o que concerne a nós, e nos levará ao porto desejado”. (2) “A velha natureza é muito ativa e não perde a oportunidade de usar todas as armas de seu arsenal contra a graça recém-nascida; enquanto, por outro lado, a nova natureza está sempre em vigília para resistir e destruir o inimigo. A graça em nós empregará a oração, a fé, a esperança e o amor para expulsar o mal; ela pega ‘todo o arsenal de Deus’ e luta fervorosamente. Não fique desanimado, nem assustado. Lute! Pois o próprio Deus está com você; Jeová Nissi é a sua bandeira e Jeová Rafá a cura das suas feridas” (C. H. Spurgeon). Estes manuscritos de Spurgeon exemplificam as palavras de Paulo: “Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7:24). Mas na sequência ele declara: “Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor!” (Rm 7:25a). Em outras palavras podemos escrever: quando olhamos para nós mesmos, só vemos corrupção, logo, nos abatemos, nos prostramos no pó, impossibilitados de mover um palmo. O desespero nos assola. Nestes momentos dizemos aos prantos: verdadeiramente sou o maior pecador! São nestes momentos que a graça de Deus nos cobre, nos renova, nos dá forças para levantar. Pela graça somos levados a olhar para Jesus, e Ele nos oferece gratuitamente a Sua paz, nos dá alívio e descanso. Jesus tem o poder para transformar o maior pecador em um vaso de honra, útil na Sua obra; poder para converter todas aquelas impossibilidades em um canal de vida; vida abundante e completa. Pelo Seu sangue somos purificados; pelas Suas pisaduras somos sarados.
A batalha contra o velho eu irá persistir por toda nossa peregrinação neste mundo, mas ao olharmos para Jesus encontramos esperança, segurança e consolo. A vitória final nos é garantida:
“Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 15:57).
E assim, o principal pecador entoará o maior cântico de louvor diante de Jesus: um testemunho vivo por onde quer que ele andar. Amém!
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