“Ao que lhe disse Jesus: Se podes! Tudo é possível ao que crê”. Marcos 9:23
Nesta passagem, um menino – que desde a infância era atormentado pelas trevas – foi levado a Jesus. Seu pai desesperado já não sabia mais o que fazer. Certamente ele já tinha ouvido a respeito de Jesus e dos Seus grandes milagres: havia curado muitas pessoas cegas, surdas, paralíticas, alimentado uma multidão de pessoas com apenas cinco pães e dois peixes, entre outros poderosos feitos. Este pai aflito se aproxima de Jesus e clama: “... mas, se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos” (Mc 9:22). “Ao que lhe disse Jesus: Se podes! Tudo é possível ao que crê” (Mc 9:23). Com essa resposta Jesus queria ensinar àquele pai e à multidão que estava em volta que a fé abre portas para os milagres. Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11:6). As situações não eram as melhores, muitos anos se passaram e nada resolvia aquele problema, mas Jesus o levou a uma dimensão espiritual: “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperaram e a prova das coisas que não se veem” (Hb 11:1). A fé desafia o natural, o visível, o físico; ela é a chave que abre as portas dos celeiros dos céus. Antes de realizar o milagre, Jesus queria se certificar de que aquele homem havia entendido o que era a fé; a fé verdadeira e pura. Aquele homem então clama em lágrimas: “Creio! Ajuda a minha incredulidade” (Mc 9:24). Neste clamor sincero vemos algo memorável: mesmo quando temos fé, temos de lidar com uma tendência à incredulidade. Este aspecto é nitidamente observado na peregrinação de Israel pelo deserto. Em muitos momentos eles tiveram provas gigantescas da soberania e do poderio do Senhor; eles temeram e creram no Deus de Israel; entretanto, em vários momentos vemos o povo agindo com incredulidade e descrença. Essa tendência à incredulidade deve ser vencida pela fé viva; uma fé firmada na Rocha; firmada em Jesus, o Autor e Aperfeiçoador da nossa fé (Ver Hb 12:2).
Ao lermos a história de grandes homens de fé observamos que eles tiveram momentos conflitantes nesse sentido: uma luta travada contra as inconstâncias do coração. John Bunyan [Livro: Graça abundante para o principal dos pecadores (John Bunyan).] faz algumas declarações interessantes ao observar sua própria jornada cristã:
Percebo ainda hoje sete abominações no meu coração: 1) tendência à incredulidade; 2) esquecer-me de repente do amor e da misericórdia manifestada por Cristo; 3) confiança nas obras da Lei; 4) distração e frieza na oração; 5) esquecer-me de vigiar por aquilo que oro; 6) rapidez para murmurar por aquilo que se acabou, mas prontidão para abusar do que tenho; 7) apesar de não conseguir fazer nada do que Deus me ordena, as minhas corrupções arremetem por si mesmas: “Quando quero fazer o bem, o mal está comigo” (Rm 7:21).
Ao lermos estes registros percebemos em nosso coração que eles são verdadeiros e, frequentemente, caímos em alguns destes pontos. É uma luta constante: Fé x Incredulidade; a Palavra de Deus x a palavra do homem. Devemos nos posicionar e escolher de qual lado ficaremos.
Voltando à narrativa de Marcos, aquele homem faz um pedido a Jesus: “Ajuda a minha incredulidade”. Podemos traduzir esse pedido como: “Ajuda-me Senhor, a tirar os olhos das barreiras e limitações deste mundo e a fitar os meus olhos em Ti, na Tua Palavra, no Teu poder e na Tua soberania”. Aprendemos muito com este episódio, por meio dele somos levados a revisar nossos conceitos sobre Deus, sobre a fé e sobre nós mesmos. A incredulidade diz: “Isso é impossível”; a fé recorre à Palavra de Deus e exclama: “Porque para Deus nada é impossível” (Lc 1:37). Um homem de fé pode ser comparado com os cedros do Líbano e C. H. Spurgeon faz uma analogia muito rica:
Os cedros do Líbano não dependem de homens para irrigação; eles ficam nas rochas elevadas, sem que nenhum homem os irrigue, contudo, nosso Pai celestial os abastece. Assim o é com o cristão que aprendeu a viver pela fé. Ele não depende do homem, mesmo nas questões temporais; para seu contínuo sustento ele olha para o Senhor seu Deus, e somente para Ele.
Se olharmos para o mundo ao nosso redor certamente teremos motivos para reclamar; mas, se olharmos para Jesus teremos motivos para louvarmos e alegrarmos. “Alegre-se na soberania do Senhor. Alegre-se no que Ele realizou. Alegre-se porque Ele é capaz de fazer o que você não pode. Encha sua mente de pensamentos de Deus” [Livro: O fim da ansiedade (Max Lucado).].
Nesta pequena reflexão nos deparamos com vários ensinamentos, exemplos e experiências de alguns servos do Senhor e todos eles agregam muito na nossa vida espiritual. Que sigamos o exemplo daquele pai e clamemos a Jesus, dizendo:
“Senhor Jesus, ajuda-me a aplicar estes princípios na minha vida; sobre Ti lanço as minhas ansiedades, pois o Senhor é quem cuida de mim. Guarda minha mente e o meu coração em Ti, pois somente assim desfrutarei da paz que excede todo o entendimento. Em nome de Jesus. Amém!”.
A fé rompe barreiras; pela fé barreiras são convertidas em milagres.
Amém!
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