“Então, clamou
Moisés ao Senhor, e o Senhor mostrou-lhe uma árvore; e Moisés lançou-a nas
águas, as quais se tornaram doces [...]; porque Eu sou o Senhor, que te sara”.
Êxodo 15:25,26b
Depois de quatrocentos e trinta anos finalmente os filhos de Israel estavam livres da escravidão no Egito. A travessia do Mar Vermelho foi o auge dessa transição; a manifestação do poder de Deus aquietou o coração vacilante e temeroso do povo, que atravessou o mar com os pés enxutos (Êx 14:29). Antes desta grande travessia Moisés exortou o povo:
“Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos e vede o livramento do Senhor, que Ele, hoje vos fará” (Êx 14:13a);
“o Senhor pelejará por vós; e vós vos calareis” (Êx 14:14).
Deus já havia operado prodígios e sinais na terra do Egito perante os olhos de todo o Israel, mas vemos que eles cediam facilmente à incredulidade. Após atravessarem o mar eles temeram e creram no Senhor (Êx 14:31); também seria impossível não ser impactado por um milagre tão notório aos olhos humanos: uma parede de águas abrindo caminhos por entre o mar. Entretanto, a alguns quilômetros do local onde cantaram e celebraram a conquista, observamos uma atitude oposta: a murmuração. Das margens do Mar Vermelho o povo andou caminho de três dias até chegar em um local cujas águas eram amargas, por isso chamaram aquele local de “Mara”. Diante da impossibilidade de saciarem a sede o povo queixou a Moisés dizendo: “Que havemos de beber?” (Êx 15:24). “Então, clamou Moisés ao Senhor, e o Senhor mostrou-lhe uma árvore; e Moisés lançou-a nas águas, as quais se tornaram doces...” (Êx 15:25). Por um instante o povo deixou de olhar para o cuidado de Deus e passou a dar ênfase às dificuldades temporárias daquela jornada pelo deserto. Podemos ver a tendência que o coração do homem tem de queixar-se quando “águas amargas” surgem em seu caminho. Moisés intercedeu ao Senhor e Ele providenciou a cura para aquelas águas, tornando-as doces. A árvore que Moisés lançou nas águas pode ser entendida de três formas que se relacionam entre si: (1) ela representa a cruz de Cristo, removendo a infertilidade em nossas vidas por causa do pecado. Por meio dela somos: mortos para o pecado (1 Pe 2:24); feitos servos da justiça (Rm 6:18) e sarados de nossas enfermidades espirituais. (2) ela representa Jesus, o Templo de Deus que Ezequiel viu em visões. Por debaixo do limiar desse Templo saía um rio com águas restauradoras (Ez 47:1) que ao entrar em contato com as águas salgadas, estas se tornam saudáveis (Ez 47:8): “e por onde quer que entrar o rio, viverá todo ser vivente [...], porque lá chegarão estas águas [restauradoras], para que as águas do mar se tornem doces, e viverá tudo por onde quer que entrar este rio” (Ez 47:9). (3) ela também pode representar a árvore da vida, cujas folhas servirão de remédio para as nações (Ap 22:2b).
Em resumo, as folhas daquela árvore serviram de remédio para as águas amargas de Mara; as águas restauradas finalmente saciaram a sede dos peregrinos. Da mesma forma, a água da vida – que sai do limiar do Templo (Jesus) – ministra vida às almas cansadas: “Pois saciarei a alma cansada e fartarei toda alma desfalecida” (Jr 31:25). Os desafios que encontramos o longo do deserto devem fortalecer nossa fé e não nos conduzir à ingratidão. O que ocorreu com o povo de Israel no deserto nos serve de exemplo. Diante daquela situação Deus provou o coração dos israelitas e fez uma ordenança, onde eles deveriam andar em conformidade com a Sua vontade, ouvindo Sua voz e guardando Seus mandamentos, para que todas as enfermidades fossem afastadas do meio do povo (Êx 15:26). Neste novo estatuto feito diante dos filhos de Israel, Deus se revelou como o Jeová-Rapha (Rafá) – “O Senhor que te sara”. Estudando este texto observamos que uma cura completa da alma está condicionada a dois fatores: (i) o poder restaurador de Deus que nos é concedido por intermédio de Jesus e da obra do Espírito Santo em nossos corações e (ii) a nossa obediência à vontade de Deus. Uma vida de obediência nos conduz à santidade. O apóstolo Paulo nos ensina que devemos desenvolvê-la a cada dia: “Mas agora, libertos do pecado e feitos servos de Deus, tende o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna” (Rm 6:22). Jesus também nos deixou claro a importância da santidade: “Bem-aventurado os limpos de coração, porque eles verão a Deus” (Mt 5:8). Uma vida de renúncia e obediência deve ser nosso objetivo.
O Senhor é quem nos sara e nos cura, tanto no âmbito espiritual como no emocional e no físico: (a) “É Ele que perdoa todas as tuas iniquidades” (Sl 103:3a); (b) Ele é quem “sara os quebrantados de coração e cura-lhes as feridas” (Sl 147:3); (c) e “quem sara todas as tuas enfermidades” (Sl 103:3b).
Que neste tempo possamos ouvir a voz de Deus e segui-Lo, obedecendo Seus ensinamentos e cumprindo a Sua vontade, pois o mais Ele fará. Ele é o Jeová-Rafá, o Senhor que: nos sara; nos cura; nos purifica; nos renova a cada dia, que nos instrui no bom caminho, que nos ilumina e que nos vivifica, que nos dá uma nova vida, uma vida produtiva em que as águas amargas se tornam doces, produzindo frutos dignos de louvor e adoração pura e genuína. Amém!
Comentários
Postar um comentário