“E quando Faraó
soube disso, procurou matar a Moisés. Este, porém, fugiu da presença de Faraó,
e foi habitar na terra de Midiã; e sentou-se junto a um poço”. Êxodo 2:15
Em uma atitude impetuosa e radical, Moisés matou um egípcio para defender um hebreu. Mesmo fazendo todo o esforço para encobrir este ato ele foi descoberto e sua ação chegou aos ouvidos de Faraó, que a partir daquele momento buscava encontrá-lo para aplicar justiça. Por medo, Moisés fugiu para o deserto de Midiã em busca de refúgio. Vemos nessa passagem que uma ação de Moisés o levou a um deserto; ali ele se escondeu. O Deserto de Midiã pode ser entendido como um deserto que nós mesmos criamos ao descumprirmos a vontade de Deus e buscarmos nossos próprios interesses e vontades. Mas mesmo nesse “deserto” criado pelo homem, Deus o sustenta e o molda pacientemente. Assim aconteceu com Moisés: na terra de Midiã ele se casou, teve filhos e uma vida honrosa aos olhos dos homens. Vemos então a mão de Deus o abençoando e o preparando para sua verdadeira missão: atravessar o Deserto do Sinai. Depois de quarenta anos de preparação Deus chama Moisés para uma nova jornada: uma peregrinação que conduziria o povo de Israel do Egito até Canaã. Moisés ficou inseguro diante desta missão, mas Deus prometeu estar na frente de todas as circunstâncias e que Ele o auxiliaria em cada estágio. Atravessar o deserto do Sinai é um momento decisivo, é um momento em que a comunhão com Deus é exercitada. Nessa travessia aprendemos mais de Deus, vemos Seus grandes livramentos de maneira clara. Neste período também aprendemos Seus ensinamentos e desenvolvemos uma obediência irrestrita. Nessa longa viagem o povo de Israel falhou ao olhar para trás e ao murmurar; estes são dois erros que nos impedem de avançar até a terra de Canaã [Uma jornada de apenas onze dias se estendeu por mais quarenta anos]. Da mesma forma isso ocorre em nossos dias: adiamos o nosso progresso espiritual pela negligência e pela falta de visão. O Deserto do Sinai pode ser entendido como um período de preparação para que possamos herdar as promessas de Deus.
Recapitulando, o Deserto de Midiã representa o período que vivíamos fugindo dos caminhos do Senhor, estávamos afastados por nossos erros e pecados. Entretanto, Deus nos chamou para uma nova missão: caminhar ao Seu lado, para que possamos atravessar o Deserto do Sinai, onde seremos moldados, onde o passado será pouco a pouco deixado para trás, os velhos costumes serão substituídos por hábitos saudáveis, a visão será restabelecida, a fé fortalecida, até que finalmente estejamos aptos para entrar na Terra Prometida.
Deus mudou o passado tenebroso de Moisés e fez dele um grande líder. Suas falhas foram trabalhadas e corrigidas para que seu caráter fosse formado segundo a vontade de Deus. Um fugitivo se tornou um instrumento vivo nas mãos de Deus. Só podemos atravessar o Deserto de Midiã e o Deserto do Sinai com a ajuda de Deus. Quando Ele nos chamar devemos ouvi-Lo e segui-Lo, pois Ele é quem vai adiante de nós. Moisés aprendeu isso ao longo de seu ministério e em suas últimas instruções ele declara a Josué, seu sucessor: “O Senhor, pois, é aquele que vai adiante de ti; Ele será contigo, não te deixará, nem te desamparará. Não temas, nem te espantes” (Dt 31:8).
Deus usa nossos próprios desertos para nos conduzir a Ele; em seguida Ele nos prepara para a jornada da vida cristã, guiando nossos passos até a Nova Jerusalém, a terra da promessa dos santos. O ministério de Moisés aponta para Jesus; Jesus é o libertador que nos conduz pelos desertos da vida para que possamos adentrar na Canaã celestial. Moisés guiou o povo de Israel, libertando-o da escravidão do Egito; Jesus guia o Seu povo, libertando-o da escravidão do pecado. Um deserto era físico, o outro, espiritual, mas em ambos os casos, Deus interveio ao nosso favor: “Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei da terra dos egípcios, para que não fôsseis seus escravos; e quebreis os canzis do vosso jugo e vos fiz andar erguidos” (Lv 26:13). Glórias a Deus por tão grande livramento!
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