“O anjo do
Senhor veio segunda vez, tocou-o e lhe disse: Levante-te e come, porque
demasiado longa te será a viagem”. 1
Reis 19:7
Ah, o Castelo de Dúvidas [Uma das figuras ilustrativas utilizadas por John Bunyan em sua obra intitulada “O peregrino”. Este livro retrata de forma alegórica a trajetória de um peregrino chamado Cristão em direção à Cidade Celestial. Pelo caminho Cristão se depara com inúmeros desafios como, por exemplo, o Pântano do Desalento, a Montanha Dificuldade, o Vale da Humilhação, o Castelo de Dúvidas, entre outros.]; um lugar escuro e sombrio onde os peregrinos encontram-se assolados pelo desespero e pela angústia; um lugar onde a esperança é colocada em cheque e a força de vencer não é sequer mencionada ou considerada. Em sua jornada, Elias passou por este Castelo. Ele temeu as ameaças de Jezabel [Mulher de Acabe, rei de Israel; filha de Etbaal, rei dos sidônios (Ver 1 Rs 16:29-31). Jezabel também era sacerdotisa de Baal e por isso foi uma péssima influência em Israel, levando os judeus a prestarem cultos a deuses estranhos, contaminando a nação.] e fugiu para o deserto para se esconder. Ali ele deitou debaixo de um zimbro (1 Rs 19:1-5a). Guiado pelo desespero e pelo medo, Elias desejou sua morte pedindo que o Senhor levasse a sua alma (1 Rs 19:4). Ele se via totalmente desacreditado diante de tal situação; ele corria o risco de cair nas mãos desta terrível mulher que procurava vingança [Anteriormente, Elias havia derrotado quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e quatrocentos profetas de Asera no monte Carmelo; ao todo oitocentos e cinquenta falsos profetas, que comiam da mesa de Jezabel (1 Rs 18:19). Todos estes falsos profetas foram mortos por intermédio de Elias (1 Rs 18:40). Por este motivo Jezabel se encheu de ira e procurava se vingar de Elias.]. Elias passou por uma intensa crise emocional; dúvidas o atormentavam: “Irei prosseguir minha carreira ou desistir de tudo e fugir para sempre?”. Mesmo depois de ter sido poderosamente usado por Deus, agora ele se via em um beco sem saídas; sua fé estava abalada. Então ele foge para preservar sua vida.
Debaixo daquela árvore ele dorme, mas um anjo do Senhor lhe aparece dizendo: “Levante-te e come”. Elias por um instante se levantou e se alimentou da provisão Divina, que lhe preparou um pão cozido sobre as brasas e uma botija de água (1 Rs 19:6). Em seguida “voltou a se deitar”. Ele ainda não estava disposto a avançar e se arriscar. Então o anjo veio pela segunda vez “tocou-o e lhe disse: Levante-te e come, porque demasiado longa te será a viagem” (1 Rs 19:7). Após recobrir suas forças, ele foge para um lugar ainda mais distante, caminhando quarenta dias e quarenta noites até Horebe [Monte localizado na Península do Sinai. Estudiosos estimam que Elias percorreu cerca de 320 km nessa jornada pelo deserto.], o monte de Deus; e ali entrou numa caverna (1 Rs 19:8-9). A palavra do Senhor foi ao seu encontro lhe dizendo: “Que fazes aqui, Elias?”. Em sua resposta ele declara seus medos e suas justificativas para proceder desta forma. Deus então o chama para fora da caverna. Diante do Senhor passou um fortíssimo vento que fendia até as pedras, houve também terremotos e fogo, mas o Senhor não estava em nenhuma dessas manifestações visíveis de poder. Deus queria ensinar a Elias que Sua obra independia das circunstâncias externas; que nem ventos, terremotos e o fogo poderiam ser maiores que a obra iniciada na vida de Elias, onde o próprio Deus o havia chamado para se profeta. O agir de Deus é comparado com “uma voz mansa e suave” (1 Rs 19:12c), que penetra o nosso coração e nos convence de nossos pecados (Ver Jo 16:8) e realiza uma grande mudança em nossas vidas, o que devemos fazer é ouvi-la. “E, ao ouvi-la, Elias cobriu o rosto com a capa e, saindo, pôs-se à entrada da caverna. E eis que lhe veio uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias?” (1 Rs 19:13). Da mesma forma o Espírito Santo fala aos nossos corações: nos perguntando o que estamos fazendo com nossas vidas ao fugirmos da boa vontade de Deus; nos comunicando as verdades reveladas nas Escrituras (Ver Jo 16:13); e nos apontando o caminho certo (Sl 119:105). Em seguida, “o Senhor lhe disse: Vai, volta pelo teu caminho...” (1 Rs 19:15a), ou seja, o Senhor disse a Elias que retornasse à sua missão e chamado, pois ainda não era o fim e que aquele Castelo de Dúvidas era apenas uma fase difícil em sua vida, mas que agora ele deveria se levantar e olhar para frente; olhar para o Autor e Aperfeiçoador da sua fé (Ver Hb 12:1-2; Pv 4:25).
O agir de Deus em nossas vidas pode ser silencioso e delicado como aquela voz mansa e suave, mas é fiel para nos aperfeiçoar e nos apresentar irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (Ver Fp 1:6 e 1 Ts 5:23-24). Amém! Muitas vezes não percebemos a obra da graça de Deus em nossa caminhada; medos e dúvidas tentam nos paralisar, mas chegará o dia em que tudo será tão claro como a luz do meio-dia. O que devemos fazer é: (i) levantarmos e (ii) prosseguirmos, deixando para trás o Castelo de Dúvidas e ouvindo a voz de Deus.
“E o próprio Senhor nosso, Jesus Cristo, e Deus, nosso Pai, que nos amou e pela graça que nos deu uma eterna consolação e boa esperança, console os vossos corações e os confirme em toda boa obra e palavra”. (2 Ts 2:16-17)
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